Cachoeiro 100 anos de folia
A história do carnaval de Cachoeiro de Itapemirim narrado
em alegria e festa.
CARNAVAL:
De 1900 a 1940
O carnaval surgiu por volta do ano 520 a. C., na Grécia, em celebração à chegada da primavera mas se tornou mesmo popular nos primeiros anos da era cristã, na Roma Antiga. Aqui no Brasil, chegou no século XVII sob influência dos portugueses, que trouxeram o entrudo, um jogo açoriano que lembrava uma brincadeira que consistia em pessoas jogando, uma nas outras, água, ovos e farinha.
Com o passar dos anos nós, brasileiros, nos inspiramos nos costumes franceses, ao adotar os bailes de máscaras e na cultura africana, ao criar as fanfarras, manifestações fundamentais dentro da formação identitária do carnaval brasileiro.
O projeto Cachoeiro 100 anos de folia traz um acervo de imagens e videos com relatos sobre a influência desta festa dentro da comunidade cachoeirense, as tendências de cada geração e, ainda, sobre um possível futuro do carnaval no município.
Viaje nesta história!
As Marrequinhas, grupo de homens fantasiados no carnaval de 1913. Fonte: Augusto Malta - IMS.
Ala das baianas no carnaval do Rio, cerca de 1910. Fonte: Brasiliana Fotográfica.
CARNAVAL
De 1900 a 1940
Tudo começou com os luxuosos bailes e matinês no Clube Caçadores Carnavalescos e nas residências.
A folia cachoeirense do início do século XX
Em Cachoeiro de Itapemirim, as sociedades carnavalescas formadas pelas elites surgiram por volta de 1900. Logo no início do século XX, era possível já notar a presença massiva dos blocos de rua, estes formados pelas camadas sociais mais populares.
A festa foi crescendo e, com a ajuda das marchinhas carnavalescas,
foi tornando-se cada vez mais popular e animada.
Corso de 1903, também conhecido como carro alegórico, onde cabiam folia e também
protesto político.
Os corsos tornaram-se muito populares no início do século XX. Neles as pessoas desfilavam fantasiadas em carros decorados.
Direto do ano de 1923. Abram alas para esses belos rapazes do Bloco Sete Zero! A juventude da época não perdia um carnaval!
O bloco Futuristas e Passadistas traduzia o frisson no qual vivia a elite cachoeirense. Aqui estão em frente ao Palácio Bernardino Monteiro.
Em 1934, os integrantes do Bloco Mama na Burra, vestidos de faxineiros, levava graciosidade e alegria para os bailes festivos.
A presença jovem nas matinês do Clube Caçadores Carnavalescos, o maior point do carnaval da época.
Nos áureos anos 30, as fantasias das finíssimas mulheres do Bloco Grau 10 traziam requinte e ascendia ao status de obra de arte.
Os integrantes do Bloco Capacete de Aço, mesmo em trajes formais, expressavam leveza e austeridade para os bailes.
Gente bonita em um baile de Carnaval no Caçadores Carnavalesco Clube, no Centro de Cachoeiro, em 1940.
Premiação de Fantasias em um baile infantil. No início do século XIX as crianças também não ficavam de fora da programação da folia.
Parece um baile de debutantes mas é o Bloco Grau 10, pronto para uma festa privada na residência do prefeito Atílio Vivácqua.
Destaque para essas fofuras de pierrots aguardando a hora de ir para a matinê e brincar o carnaval.
CARNAVAL
De 1950 a 1990
Época de ganhar as ruas e os corações de populares. O carnaval começa a mostrar a cara da diversidade cultural brasileira!
Na metade do século XX as fanfarras já tinham ganhado as ruas de Cachoeiro, com destaque para os samba enredos.
Ao passo que os anos se passavam, as fantasias se tornavam menores, desnudando boa parte dos corpos que desfilavam nas ruas.
Aqueçam os tambores! As décadas de 70 e 80 foram marcadas com o surgimento das escolas de samba, que se preparavam o ano inteiro.
Carro alegórico era algo obrigatório nos desfiles em Cachoeiro. E a disputa ficava cada vez mais acirrada, a cada ano que passava.
Os saudosos anos 80 foram um marco para aqueles que brincavam o carnaval. A diversão se reunia no centro, o que facilitava deslocamento.
Os concursos de reis, rainhas, príncipes e princesas também eram uma constante no carnaval. Beleza também conta!
As crianças não ficavam de fora dos desfiles de rua. Muitos deles eram filhos e netos de foliões, o que facilitava a presença dos pequenos.
A cada ano os desfiles traziam temas bem diversificados. Muitos traziam protestos em meio à fantasia carnavalesca.
Ruas lotadas, samba, suor e muita cerveja. A cara do carnaval das últimas décadas do século XX era de pura liberdade e festejos.
Os puxadores de samba enredo era parte da festa. Ao final do carnaval, muitos perdiam a voz, porém ganhavam a classificação.
Políticos, como o prefeito Gilson Carone, participavam ativamente da festa foliã, sempre em contato com a população.
O carnaval se tornava cada vez mais democrático, o que facilitou o surgimento de blocos no bairros periféricos.
O cantor Jorge Aragão anima o carnaval no início dos anos 80 com muito samba e presença marcante da música negra.
O tom elitista dos clubes já não existia mais. A cultura popular e o carnaval de rua já imperava na folia cachoeirense.
Não há carnaval sem a Ala das Baianas. Aqui elas seguem impecáveis, com os belos e emblemáticos vestidos rendados.
Casal de Mestre Salas e Porta Bandeiras prontos para mais uma apresentação para crianças e adultos. O carnaval era de todos!
No carnaval de rua, os camarotes eram espaços para avistar os blocos de cima e não eram, necessariamente espaço para poucos.
As fantasias aqui já não são as mesmas. Serve brincar o carnaval com qualquer roupa...fantasia é só mais um acessório.
A política, como sempre, vinha introjetada nos blocos. Na foto é possível ver um cartaz de agradecimento ao prefeito da época.
Com o passar dos anos, o carnaval de rua foi ficando mais inclusivo e as fantasias e adereços vinham também de pessoas comuns.
Tempos em que a fantasia refletia também na indumentária, feitas por artistas carnavalescos que marcaram uma geração.
O carnaval de Cachoeiro sempre foi bem movimentado. Era o momento dos foliões estravazarem e esquecerem dos problemas.
O bloco Rouxinol, trazendo a temática de cultura africana no ritmo, música, dança que ganharam os carnavais de todo o Brasil.
Tempos não tão distantes e que trazem um quê de bucólico e saudosista. Destaque para a kombi como carro de som...não faz tanto tempo assim.
O Carnaval sempre traduziu um período de intensa liberdade onde, na maioria das vezes, era permitido criarmos personagens.
Não dá pra esquecer das matinês infantis, com direito à premiação das crianças com a fantasia mais bonita. A disputa era grande.
Em meio aos familiares e amigos, a irreverência era garantida. Já nos fins dos anos 90, a fantasia trazia referências de fatos cotidianos.
Sem panteras e divas, sem carnaval! Elas arrasam com alegorias e produções belíssimas, levaram mais cor e alegria para as ruas de Cachoeiro.
Com a influência baiana, em Cachoeiro não foi diferente: os trios elétricos começavam a dominar as ruas.
Desfile dos reis e rainhas do verão. Os desfiles alusivos à moda praiana eram presença marcante nas edições dos carnavais dos anos 90.
CARNAVAL
De 2000 aos dias atuais
As mudanças sociais aconteceram e impactaram o carnaval em Cachoeiro, mas a folia não há de acabar!
Galeria
Com o passar do tempo, o carnaval tomou novas formas, mas não perdeu sua proposta de gerar diversão e atrair público.
Os cantores de samba e dos ritmos carnavalescos autorais, sempre tiveram espaço nesta grande festa.
As marchinhas nunca morreram. Elas continuam ativas nos palcos e nos corações daqueles saudosistas do carnaval de antigamente.
Da mesma forma, não "morre" a tradição do Rei Momo e da Rainha do Carnaval, personalidades que integram a história desta festa.
Os bailes carnavalescos elitistas praticamente não existem mais e a festa na rua foi bem reduzida em número de pessoas. Novos tempos!
Coroação da Rainha do Carnaval, momento que consagra a presença e beleza feminina e que mantém ainda a tradição.
O cenário mudou muito nos últimos anos porém as alegorias e o entusiasmo dos participantes ficam e não deixa esta festa acabar.
Os desfiles de carros alegóricos ainda persistem, mesmo diante das mudanças de hábitos e com menos foliões nas ruas.
Carnavalescos em tenda cultural na Praça de Fátima, centro. Excelência, curadoria e muita arte na confecção de fantasias e adereços.
Embora menor, a participação popular é determinante para que haja a continuidade do carnaval de rua.
A música sempre teve um papel primordial, inclusive na preparação dos grupos durante vários meses que antecedem o carnaval.
A Praça de Fátima é o novo point do carnaval de Cachoeiro. Ali concentram-se os shows, o desfile e toda a programação.
Em tempos onde o presencial foi "roubado" pela vida online, manter as festas de rua e o alcance de público é um verdadeiro desafio.
Um folião e a alegria que não cessa. Manter o ritmo é um desafio para os carnavais futuros em Cachoeiro e nas cidades do interior do Brasil.
Os contos de fadas ainda fazem parte das matinês e que, a despeito do esvaziamento das ruas, conta com os foliões mirins.
A magia é um trunfo para a continuidade da fantasia do carnaval. Sem ela, não há festa, não há atrações e não haverá pessoas.
Bem vindos aos novos tempos do Carnaval.
A alegria continua porque o povo não deixarão o carnaval morrer.
O Bumba meu Boi, outra expressão da Cultura Popular, também integra o carnaval de Cachoeiro, unindo arte e patrimônio.
As baianas continuam como uma das alas mais antigas dos desfiles e têm lugar cativo em todas as edições do carnaval.
O casal de Mestre Salas e Porta Bandeiras é sempre esperado pela população que resiste e não deixa a festa acabar.
As fanfarras ganharam novas roupagem e características. Quem nunca se rendeu ao samba não possui uma alma carnavalesca!
Mesa de júri em um dos momentos mais esperados de todos: a premiação das escolas e dos carnavalescos.
O carnaval não perderá o seu espaço. A história nos mostra que o evento é parte integrante do calendário e da cultura de Cachoeiro.
Os tempos novos virão e, com eles, os desafios para manter a magia carnavalesca, que nunca cessará nos corações foliões cachoeirenses.
Carnaval - Vídeos do Arquivo Público Municipal de Cultura Sala Evandro Moreira
3# TARCISIO CARLOS MODOLO - OBRAS DO RAUL | 6º Concurso de Marchinhas de Cachoeiro-ES
#1 Leandro da Rocha Mozer - Meu Hospital é a Folia | 7º Concurso de Marchinhas Cachoeiro - ES 2023
Fonte: Arquivo Público Municipal de Cultura Sala Evandro Moreira / Coleção Gil Gonçalves - Higner Mansur
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